domingo, 25 de janeiro de 2009

O Choro do Rapaz...

As lágrimas caem-lhe pela face, lavando o desespero que nele se aprisiona, mas abafando a tristeza.
Não as conta, mal as sente... caem-lhe tão rapidamente que o afogam em mágoa e dor.
Sufocam os seus gemidos, suspendem por breves momentos a sua descontrolada respiração.
Ele não quer mostrar suas lágrimas, elas não vieram por querer, ele não as chamou...
Mas elas ainda assim vieram, não tiveram piedade de um jovem humilde de alma e coração, que sem saber do futuro incerto se angustia pelo presente agreste.

Não porque lhe falte amor, mas porque lhe falta tempo, espaço, consentimento, sabedoria e consistencia para viver o seu amor.
Sem isso o amor não pode manifestar-se da mesma forma, e em tempos árduos ele faz falta,
muita falta...



E ele sente isso tão forte que suas lágrimas corriam pela cara e caíam no chão como rios que correm com seu vigor em direção ao mar.
Suas mãos estavam trémulas, tal como seu corpo, como se tivesse frio... sua capacidade de agir era diminuta, quase não existia... não sentia coragem para continuar, talvez não soubesse como o fazer.
A saudade mata, e ele sabia disso, mas nunca pensou que um dia se iria sentir ao pé do precipício, nunca imaginou que fosse acontecer a ele.



Há momentos de força e momentos de fraqueza, e ele encontrava-se num momento de fraqueza sem capacidade de reação... e a sua tristeza emanava tão forte do seu peito que as flores que tinha numa jarra junto a si murcharam e perderam toda a sua cor e perfume, e num ápice se transformaram em simples cinzas...
O rapaz olha agora à sua volta e tenta procurar o que sabe que só depende dele encontrar... um porto de abrigo, onde possa chorar de vez em quando mas sem o perigo de se afogar.



O sentimento de perda invadia sua alma tão profundamente que parecia retirar a vida daquele pobre rapaz, que à sombra da sua existência procurava perder-se para sempre, para nunca mais o encontrarem...

Os seus sonhos já nada podem salvar e dão como perdida essa batalha que tantas lágrimas custou.

Mas o seu amor não deixava aquele coração morrer... e perder-se na imensidão das trevas...

Aquele rapaz precisava renascer... precisava viver a felicidade que toda a vida pensou não existir.

Ele só não percebia porque tinha de sofrer para amar, porque tinha de sentir tanto o vazio... a falta de alguém... porque doía tanto... ele não sabia responder.

Por vezes parecia que tudo se virava contra ele.... parecia que o mundo estava contra a sua felicidade...

Mas apesar de não saber, a força que vinha dentro dele era mais forte que mil homens... mais forte que o oceano e o vento juntos.... mais forte que a própria natureza, ele amava um anjo... e esse anjo o amava também... e juntos queriam ficar, para sempre.... nada nem ninguém iria conseguir impedir....

Ele faria tudo.... qualquer coisa para que nada... mesmo nada mudasse no amor que o seu anjo jurava sentir por ele... isso era tudo o que o fazia viver, era tudo o que o prendia à vida... sem isso a sua vida não tinha valor... ele não era a mesma pessoa.... jamais seria feliz, jamais conseguia sentir o calor do sol, a rebentação das ondas na areia, o vento a acariciar a sua cara... jamais a vida poderia ter sentido...



Com as suas lágrimas quase secas.... ergueu suas mãos ao céu, e num acto de inocência e quase desespero disse:

"Se um dia meu anjo não me quiser mais, leva-me desta vida de qualquer jeito, mas não me deixes sofrer por este amor, isso seria mil vezes pior que morrer..."

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